Cinque Terre

Quando fui à Cinque Terre a minha base era Castagnola – Framura. Muito pertinho de Monterosso – umas das Cinque Terre. Não pernoitei em nenhuma das cinco cidades e por isso o dia foi corrido, pois queria conhecer todas elas. Voltei uma semana depois e fiquei 4 horas só em Monterosso. Voltei aqui porque foi a cidade que aproveitei menos. Conto mais um pouco sobre ela no final. Porém, o passeio foi praticamente em um dia! O post que segue então, mostra que é possível fazer as Cinque Terre em um dia!

Bem, para quem não sabe italiano, talvez não pareça tão óbvio, mas Cinque Terre, significa “Cinco Terras”. E as cidades (3 são comunas e 2 são distritos – só como informação!) que fazem parte das Cinque Terre são: Monterosso, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore.

Como todas elas se desenvolveram na encosta da região da Ligúria, sempre tem muito o que andar e subir, sejam por escadas ou estradinhas.

Tem como ir de carro? Sim, acho que não é a melhor solução já que não poderá entrar com o mesmo no centro das cidades, as estradas são estreitas e na alta temporada isso pode se tornar uma dor de cabeça. Mas… cada um é um e se achar que é tranquilo, deixa nos comentários como foi, informação nunca é demais 😉

Vamos ao roteiro…

Ao contrário de muitos, comecei por Riomaggiore.

A estação de trem é pertinho do mar, a vista já é bonita dali mesmo, mas passeando pelos caminhos que chegam ao porto ou em direção à trilha que liga Riomaggiore a Manarola, a vista é mais linda ainda!

Fiquei uma hora passeando com calma pela cidade. Passei pela igrejinha, pelo centro com suas lojas com produtos típicos de babar e pela Via dell’Amore de onde é possível ter uma vista linda do mar e do porto.

Voltei para estação para pegar o próximo trem para Manarola.

Chegando em Manarola resolvi ir na direção contrária de todos que saíram do trem – aliás fiz isso em todas as cidades desse dia e foi ótimo porque passei tranquilamente pelos lugares e quando chegava nos pontos mais procurados, a confusão já havia se dissipado um pouco.

Manarola é uma graça. Subi por uma estradinha e cheguei em uma praça onde havia uma igrejinha e uma torre e de onde se tinha uma vista dos telhados das casas do centro da cidade. Passei por vielas estreitas e desci escadas e quando vi, cheguei no portinho! Lindo! É tão limpo que mesmo sendo um porto, pessoas tomavam banho de mar pertinho dali.

Resolvi almoçar nessa cidade. Escolhi o Aristide e recomendo. Fica pertinho da galeria que dá acesso ao trem, mas é muito tranquilo. Tem mesinhas em uma varandinha e por volta do horário do almoço não pega sol. O atendimento é rápido e preciso. Comi uma salada de polvo com batatas, deliciosa!

Por ter almoçado aqui, devo ter ficado nessa cidade por umas 2 horas e meia.

Próximo destino… Corniglia. De novo, fui na direção contrária de todos. Segui as placas que indicavam a praia. Passei por um caminho que beirava o mar e comecei a subir umas escadinhas até ver a placa mostrando a estação de trem novamente. Não… Não achei a praia, mas tudo bem! Nessa viagem resolvi aceitar tudo o que o destino havia desenhado e recebi aquilo como um sinal. Comecei a subir mais escadas e elas nunca acabavam…. Acho que só subi tantas escadas assim na Catedral de Notre-Dame em Paris!

Enfim cheguei em uma estradinha (descendo!) indicando o centro histórico. Passei por vielas, vi paisagens estonteantes e me dei de presente um sorvete, afinal eu merecia! Na gelateria Un Mare di Yogurt resolvi mudar, saí do sorvete de pistache que sempre peço e pedi para a atendente (muito simpática por sinal) que me desse dois sabores dos mais vendidos. Experimentei o de creme de Corniglia e um de azeite, pois é… Azeite. E olha que era muito bom!!!!

Hora de descer todas as escadas, ainda bem que para baixo todo santo ajuda!

Pertinho da estação de trem tem um ponto de ônibus, para quem comprou o cinque terre card, o ticket é de graça. Graças a Deus que só vi a placa na hora de ir embora, porque na mesma onde estava falando sobre o preço do ticket, estava a informação da quantidade de degraus…. 365!!!! Sol na testa e mais essa quantidade toda, acho que teria pago os €2.50!

Último trem do meu roteiro para chegar em Vernazza. Dessa vez sem escadas para subir… Ufa!!! Cidade viva, cheia de barzinhos e restaurantes. Lojinhas de produtos típicos eram um atrativo a parte. Olhando com calma vi uma entrada a esquerda que passava por baixo de uma pedra e chegava em uma praia. Mar tranquilo, quase fiquei ali. Mas o último trecho do meu passeio seria feito por trilha, então resolvi seguir em frente. Cheguei no porto de Vernazza. Uma praça grande em forma de “U” com vários restaurantes em volta. A praia do porto a frente e uma igreja a direita, linda, toda em pedra. Vale a pena entrar só para ver sua arquitetura. O ambiente é mágico!

Hora de procurar o caminho para a trilha. Sabe o lance de chegar em Vernazza e não ter escadas??? Pois é… As encontrei!!!! Eram algumas para chegar até a trilha. Comecei bem, super animada! Vernazza vista do alto é realmente um cartão postal.

3,230km de subidas, descidas, passagens de 1 metro de largura e paisagens maravilhosas, percorridos em 1h05m para chegar em Monterosso. Valeu a pena? Lógico que valeu!!!! Ainda mais porque me dei conta que o caminho inverso (trilha Monterosso -> Vernazza) é muito mais cansativo! Muitas escadas para subir, pelo menos eu as desci! Mas brincadeiras a parte, eu vi a praia de Monterosso como um prêmio para os meus cansados pés! E ali relaxei vendo o dia ir embora.

Bateu uma fome e fui buscar um restaurante para jantar. Vi alguns de frente para o mar, mas preferi ver se encontrava um mais aconchegante. Eu merecia um outro presente e esse também seria para acariciar o meu paladar. Andei pelo centro da cidade. Muitos beirando a rua principal, mas eu não queria muitos rumores e assim encontrei o Al Carugio. Em uma perpendicular da Via Roma, em uma viela calma, vi umas mesinhas encostadas na parede. Cheguei até lá e perguntei se poderia sentar, não sei se foi a minha cara de exausta ou meu sapato cor de terra proveniente da trilha, mas a moça disse que não, que se eu quisesse tinha mesa para uma pessoa dentro do restaurante (sendo que as mesas de fora só cabiam no máximo dois!). Estava prestes a virar as costas quando uma senhora no interior do restaurante, disse à moça que eu poderia sentar do lado de fora. Bem, fora esse incidente, o jantar foi ótimo. Uma massa com frutos do mar e uma taça de vinho branco geladinha!

Uma semana depois voltei a Monterosso. Diferente de quando se chega pela trilha, chegar pela estação de trem é outra pegada. Um mar de gente saindo com você, sedento por conhecer a cidade mais famosa das Cinque Terre. A saída da estação dá logo em uma ruazinha com tráfego limitado, cheio de barzinhos, restaurantes e lojinhas, e o mar onde a maioria das pessoas ficam.

Como estava morrendo de fome fui procurar um local para comer longe daquela confusão. Achei o San Martino. Um restaurante pequenino em uma rua pequenina, super calmo. Recomendo. E aí vai um lembrete… geralmente o horário do almoço termina umas 02:30pm, estourando! Muitos fecham a cozinha nesse horário. Depois disso até a hora do jantar, aqueles que ficarem abertos só servirão pratos frios.

Ao invés de ir para praia, fui para umas pedras pertinho de uma pequena marina. Ali fiquei tomando um sol e curtindo o mar. Longe de tudo e todos. Consegui tirar algumas fotos de lugares que não havia visto na semana anterior e voltei calmamente para a minha cidade base.

Os dois dias foram cheios de paisagens lindas. Cada dia com seu encanto. Voltei para o meu cantinho com a alma lavada e o coração leve.

Vamos aos valores:

1 passe individual/adulto para as trilhas – válido por 1 dia: €7.50

1 passe individual/adulto para os trens – válido por 1 dia (dá direito às trilhas, uso de ônibus ecológicos, uso de wifi em todas as cidades e acesso aos trens quantas vezes quiser entre as estações de Levanto e La Spezia): €16.00

1 trecho entre as cidades: €4.00

1 ticket para o ônibus que leva até Corniglia: €2.50

Pensando assim, veja o que vale mais a pena no seu caso. O Cinque Terre Card vale muito a pena para quem for fazer todas as cidades.

Mais informações sobre os cinqueterre cards (trilhas e trens) você encontra nesse site.

Dicas:

– Todas as estações de trem possuem banheiro público.

– Eu preferi chegar em cada estação e já comprar o bilhete para a próxima cidade, assim evitei a confusão que se dá um pouco antes da partida dos trens (no meu caso, não comprei o cinque terre card e me arrependi, mas ok!).

– Leve sua garrafinha de água e abasteça nas cidades, quando a água não for potável, terá um aviso perto da torneira ou fonte.

– Não esqueça do protetor solar.

– Se for fazer alguma trilha, vá com sapato apropriado.

– Chapéu ou boné é recomendável para os dias quentes.

– É possível fazer o passeio também pelo mar. Todas as cidades tem porto e você pode comprar o ticket para os barcos nos portos. Assim, poderá escolher fazer um trecho de barco, outro de trem e outro por trilha!

– Comece o passeio cedo, assim poderá aproveitar mais a última cidade. Eu só consegui chegar em Riomaggiore às 11:30am e tive que voltar mais uma vez para aproveitar a última cidade – como se isso tivesse sido um sacrifício 😉

Arrivederci!!!

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