Planos…. Resolvi não tê-los… pelo menos não dessa vez.
Resolvi mudar a minha forma de viajar… no decorrer dos últimos anos comecei a olhar a minha vida com outros olhos e uma das coisas mais legais que aprendi é que não temos controle de nada e que é muito bom não ir contra isso!
Quando fechei minha viagem para Itália nesse ano (2019), eu tinha alguns desejos: passar meu aniversário em Castagnola na casa de um amigo querido, conhecer alguns lugares na Sicília e deixar a vida me surpreender. Até a viagem acontecer de fato, eu troquei o dia que ficaria em Milão, redistribuí os dias na Ligúria e nas cidades da Sicília e resolvi mudar uma das cidades base na ilha. A princípio ficaria em Catânia e Siracusa e no final mantive a primeira e troquei a segunda por uma cidadezinha chamada Ávola.
Bem… fiquei os 3 primeiros dias em Catânia, visitei o Etna e Taormina (para saber sobre esses 3 lugares, clique aqui). Na noite do dia anterior da partida para Ávola, verifiquei o mapa e a previsão do tempo. Peguei opiniões e fui dormir. Na manhã seguinte, enquanto esperava para pegar o carro na locadora, decidi parar em Siracusa. Por que escolhi essa cidade? O dia estava com um sol lindo e eu teria somente umas 5-6 horas para chegar ao meu destino final. Como ficava no meio do caminho e tinha muitas coisas para ver ao ar livre, não tive dúvidas.
Primeira parada…. Siracusa
Siracusa foi fundada no século VIII aC pelos gregos. Por volta de 200 aC foi conquistada pelos romanos e tornou-se capital da Sicília Romana. Já esteve sob o domínio de Bizantinos, Normandos, Genoveses e outros mais que deixaram sua marca na arquitetura da cidade. Terra natal de Arquimedes e de ilustres visitantes como Platão. Em 2005 foi declarada patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Para mim, uma cidade deliciosa de conhecer e passar algumas horas.
Deixei o carro fora do centro histórico – a ilha de Ortigia, onde está a maioria dos pontos turísticos.
O que fazer em Siracusa
Passando pela ponte Umbertina, em poucos metros estava na Piazza Pancali, onde fica o Templo de Apolo.
Fui caminhando em direção ao mar. Depois de andar por um calçadão que foi se estreitando ao longo do caminho, me deparei com o Forte Vigliena. Ao lado do forte, tem um local público com acesso ao mar. Quando fui estava friozinho, apesar do sol. Acho que por isso não estava aberto. Mas, pelo que li, é um local para ficar algumas horinhas do dia em épocas mais quentes.
Apreciei um pouco a vista e desci para alcançar uma espécie de contenção onde fiquei sentada por um tempo curtindo a brisa do mar.
Piazza del Duomo – considerada uma das praças barrocas mais belas da Sicília é também um local de encontro. Ao redor da praça estão o Duomo (Catedral de Siracusa com suas belíssimas colunas gregas), Palazzo Beneventano dal Bosco, Palazzo Senatorio (a prefeitura), Arcivescovado e Santa Lucia alla Badia (com uma obra de Caravaggio belíssima), além de bares com mesinhas externas. Ah… não poderia deixar de falar dos músicos – no dia que fui era um violinista, que faz com que toda essa atmosfera fique ainda mais mágica.
A 300m da Piazza del Duomo está a Fontana di Diana construída em 1906 por Giulio Moschetti.
Era a hora de deixar a cidade, mas não antes de ver a Fonte de Aretusa, a curiosa fonte de água doce à beira-mar.
Onde comer em Siracusa
Clandestino ad Ortigia – Achei por acaso. As mesas externas na viela me pareceram super aconchegantes e o garçom muito simpático, antes mesmo que eu me sentasse.
Segunda parada…. Avola
Um pouquinho de história… Sabe aquele terremoto que em 1693 devastou Catânia? Pois é.. destruiu boa parte de Siracusa e de uma Ávola cuja origem vem do período helenístico e que nem era conhecida por esse nome. Nomes, invasões e guerras sofridas desde então, deixo para os mais curiosos pesquisarem em fontes fidedignas. A cidade atualmente é plana, marítima e tem uma curiosa planta hexagonal que a caracteriza.
Como escrevi no início do post, eu queria que a vida me surpreendesse. Toda a viagem para a Itália nesse ano de 2019 foi um presente. Mas tenho que admitir que em Ávola foi o ápice. Nos 3 dias que fiquei na cidade, uma pessoa muito especial, me fez experimentar o café da manhã típico siciliano (granita de amêndoas com brioche), andar de vespa, sentar em um banco de uma praça e apreciar o “dolce far niente” de cidades pequenas italianas, entender a arquitetura da cidade e de cidades próximas, comer em um restaurante com uma arquitetura linda tomando um nero d’avola delicioso, assistir um filme da história do criador da vespa, fazer yoga, gargalhar e agradecer ao universo por cada segundo vivido.
O que fazer em Ávola
Fui no frio (novembro!) então não pude curtir a praia… mas tem!
Conheci pouca coisa porque além do frio, choveu… então segue o que eu fiz…
Piazza Umberto I. Alí tem vários bares e restaurantes inclusive para experimentar a granita. Ao redor da praça está a Chiesa Madre San Nicolò e um local onde é possível ver uma escavação de períodos anteriores.
Ir até à Biblioteca de Ávola – antigo mercado que hoje possui uma exposição contando a história da cidade.
Onde ficar em Ávola
Fiquei em um airbnb a 100 metros da praia.
Em um terreno com um jardim super aconchegante, fica uma construção que dispõe de apartamentos completos e espaçosos. O anfitrião muito simpático e atencioso lhe dá ótimas dicas do que visitar. Um ótimo local para servir de base para conhecer a parte sudeste da Sicília.
Onde comer em Ávola
Tome o café da manhã ou coma um doce no Caffé La Bruna – Foi lá que experimentei a granita.
Pizzeria Marina – Ambiente descontraído com um atendimento super simpático e uma pizza maravilhosa. Tem um bom cardápio de cervejas também.
Bate e volta em Noto
Noto, conhecida como “a capital do Barroco” também foi reconstruída após o terremoto de 1693. Em 2002, seu centro histórico foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Noto fica a 20 minutinhos de Ávola. Gostaria muito de conhecê-la durante o dia e sem chuva. Mas foi durante a noite, chuviscando e quase sem ninguém nas ruas que tive o prazer de observar suas construções e sentir sua energia. Sempre digo que todos os lugares tem várias faces e todas com sua própria beleza, então, não escolha a hora que você acha que será a melhor. Simplesmente agradeça pela oportunidade e se entregue!
Passando pela Porta Reale, você entra no centro histórico e caminha pela rua principal, Corso Vittorio Emanuele. Nessa via é possível ver a Chiesa di San Francesco, a Cattedrale di Noto e o Palazzo Ducezio. Se perdendo pelas ruas pequenas e principalmente pela via Nicolaci, você poderá admirar exemplares da arquitetura barroca com seus balcões e esculturas típicos que fizeram dessa cidade a capital do Barroco.
Onde comer em Noto
Anche gli Angeli – Restaurante com uma comida muito boa e uma ótima carta de vinho. Junte isso a uma arquitetura linda, um bar central divertido, livros e arte.
Terceira e última parada … Ragusa Ibla
Dia de se despedir de Ávola. Acordei cedo, peguei o carro e rumei à Ragusa Ibla para conhecer mais um pedacinho da Sicília antes de chegar ao destino final.
Demorei mais tempo do que o normal porque escolhi as estradinhas vicinais. O próprio caminho foi um passeio lindo, me presenteando com construções de pedra, vinhas antigas e estradas sinuosas.
Ragusa Ibla é atualmente o bairro mais antigo do centro histórico de Ragusa. Estacionei o carro próximo a um estacionamento público e fui caminhar sem rumo. O dia estava lindo. Não me demorei muito na Piazza Duomo, mesmo porque, passaria novamente por ela no caminho de volta.
Passei por baixo do Palazzo Arezzi e comecei a caminhar… como caminhei… se prepare para muitas ladeiras e escadas e se fizer como eu, sem mapa e sem destino, vai subir e descer muito mais… porque vai se perder!!! Sei que tem um trenzinho que sai da Piazza Duomo, porém, não sei se pela época (novembro) ou porque gosto de andar mesmo, não procurei saber o horário de saída nem se estava funcionando.
O legal de fazer o caminho que liga Ragusa Ibla (Inferiore) à Ragusa Nuova (Superiore) é que você tem uma visão dos penhascos ao lado da cidade, além de passar por construções de uma beleza singular.
Nesse passeio passei por várias igrejinhas em estilo barroco, pela Santa Maria Delle Scale, pela Catedral de San Giorgio e Piazza Duomo.
Depois de 2 horas e meia perambulando, fui procurar um local para comer. Foi difícil viu… mas parei no U Saracinu. Sinceramente… não foi maravilhoso, mas não tinha muita escolha.
Fiz o caminho de volta, peguei o carro e voltei para Catânia. Na estrada, pude me despedir do imponente Etna e agradecer por esses dias incríveis vividos na costa leste da maior ilha do mediterrâneo.
A presto…